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Contos da Floresta encantada - RUIVA

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Era uma vez uma floresta encantada formada por árvores gigantes e imensos campos de girassóis amarelos. Nela, havia muitos passarinhos que cantavam de manhã e à tardezinha. Eles dormiam nas árvores gigantes.


Na floresta, viviam muitas fadas pequenas, com asas nas costas, que mesmo assim gostavam de montar nos cavalos alados pra cavalgar pelo céu. Também moravam na floresta muitos unicórnios pequenos e coloridos, bem coloridos, de todas as cores do arco-íris. Eles corriam soltos junto com os cavalos alados. Mas só os cavalos voavam.


Havia também os elfos, gnomos, centauros, e todo tipo de criatura encantada.


E havia uma menina...Ela era quase normal... Quase....


Tinha longos cabelos ruivos, olhos enormes, curiosos, amendoados. E tinha asas nos calcanhares. Ela dormia debaixo da árvore mãe e todas as manhãs, assim que os passarinhos cantavam, ela acordava, bebia a água do lago sereno e comia as frutas da árvore mãe.


À tarde ela brincava de esconder com os gnomos e voava com as fadas nos cavalos alados, ouvindo as melodias que o vento trazia. Como as asinhas nos seus calcanhares eram muito pequenas, ela não voava. Apenas corria, muito, muito rápido. Mais rápido que todos os bichinhos pequenos e os gnomos, e quase tão rápido quanto os centauros e os elfos.


Quando os centauros tocavam flauta no penhasco alto, o sol laranja começava a ficar escuro e os girassóis se curvavam ela se preparava para dormir. Ela era feliz? Quase completamente.  Faltava alguma coisa.


Um amigo.


Claro que todas as criaturas da floresta eram seus amigos, mas ela queria conhecer alguém parecido com ela. Ela queria conhecer outras pessoas. E foi falar com o Mestre Centauro, o mais sábio de todos.


Ele explicou que para isso ela deveria abandonar a floresta e ir para um mundo perigoso, barulhento e muitas vezes cruel. Lá havia muitos como ela. E muitos diferentes dela. Ele não gostaria que ela se arriscasse. Mas ela era curiosa e um pouco teimosa e quis ir assim mesmo. “Quem sabe eu posso ajudar!”


Um belo dia, num morro que ficava numa cidade gigante no Estado do Rio de Janeiro, nasceu um menino de cabelos ruivos, muito bonitos, e com dois pequenos buraquinhos na parte de trás dos pezinhos. Dois buraquinhos pequenos, que quase não dava pra ver. Mas parecia que faltava alguma coisa ali.


O menino cresceu. Era amigo de todos, gostava de jogar bola, soltar pipa, brincar de esconder com seus amigos. Ele tinha muitos amigos. Todos o chamavam de “Foguinho” por causa da cor dos cabelos, das pintinhas que tinha no rosto e porque ele corria bastante. Era muito ligeiro aquele menino. Tão ligeiro que ganhou todas as corridas na escola. Ganhou medalhas e troféus.


Ele vivia rodeado de amigos, completamente feliz. Amava o morro, amava sua cidade. Quando olhava o mar lá de cima, as ondas indo e vindo, sentia uma tranquilidade, quase uma saudade; parecia que se lembrava de algum lugar distante. Mas logo aquela sensação passava.


Um dia apareceu por lá um tal ‘técnico’ que tinha ouvido falar do Foguinho e ‘convidou ele’ pra participar de uma competição onde viriam até jovens de fora do país. Ele aceitou na hora, claro! Desceu o morro. Treinou muito, muito e muito. E ganhou!


Seu sucesso se espalhou pela cidade e pelo país, vários repórteres vieram falar com ele: “Conta seu segredo!” Mas Foguinho dizia que não tinha nenhum segredo pra contar, só gostava de correr e tinha muitos amigos. Era feliz.


Então ele foi chamado para representar seu país e participar de uma grande competição do outro lado do mundo. E ganhou de novo! Fez ainda mais amigos e só voltou depois de muitos anos, cheio de medalhas no peito.


Mas não se esqueceu dos que amava.


Subiu de novo o morro e resolveu fundar uma escola que ensinava esporte aos jovens e crianças.


A escola encheu. Encheu mesmo. E ele chamou seus antigos amigos pra ajudar. Claro que eles vieram! Todos estavam contentes! Foguinho, seus amigos, as crianças, os pais delas.


Mas uma noite... começou um tiroteio e Foguinho estava na varanda. A bala perdida pegou no peito, bem onde tinham sido ‘penduradas’ suas medalhas e Foguinho tombou.


Todos vieram correndo e gritando. Era tarde. Foguinho já tinha ido embora.


Abandonou a 'casca' sem vida no chão e voltou para a Floresta Encantada, levando o amor que exalava dele como um perfume e deixando uma estória para ser continuada.





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